sábado, 25 de fevereiro de 2012

terceiro capitulo

 E assim começou tudo, toda essa história vai falar dele, agora com vinte e dois anos a única coisa que eu tenho é ele e sem ele nada mais nessa vida me importa, não quero viver se for para ficar sem ele para sempre.
Mas voltando a falar do pedido de namoro aos quatorze anos, eu era louca por ele de verdade, só nunca falava, nunca dava o braço a torcer.
Já se passou duas semanas desde que meu pai pediu para que eu levasse o Luis Felipe para ele conhecer, ele me pediu que eu levasse o em uma semana, mas eu dei uma enrolada nele, hoje é sábado e a partir das três horas meu pai está em casa e o Luis vai aqui lá pelas três e meia da tarde, eu comecei a me arrumar assim que o meu pai chegou a casa.
                        – porque está se arrumando tanto Lizi?
 – pai, o Luis vem aqui hoje, não se lembra?
 – é, mas ele vem falar comigo, não com você.
 – eu sei, mas eu tenho que estar bonita.
 – você não vai sair com ele hoje vai?
 – não pai.
 – ótimo, sempre que vocês forem sair eu quero que você fale comigo.
 – está bem pai – eu disse a ele e logo a campainha tocou, devia ser o Luis Felipe na porta, eu estava nervosa, queria que tudo aquilo acabasse logo – eu abro a porta! – eu disse correndo até a porta tentando reparar tudo aquilo.
 – oi – ele disse a mim sorrindo, como estava bem arrumado, normalmente usava o cabelo desgrenhado, mas ele continuava lindo do mesmo jeito
 – tem certeza que quer fazer isso? Eu poço dizer ao meu pai que não vai dar certo ou alguma coisa.
  – eu quero isso, eu gosto muito de você e sei que sabe disso.
 – só nos conhecemos a duas semanas.
 – mas na primeira vez que te vi, sabia que queria você, sabia que você era perfeita para mim.
 – você é muito exagerado, precisa descer das nuvens.
 – para que descer se eu tenho você ao meu lado perto delas?
 – vem cá exagerado – eu disse a ele o puxando pelo braço e o levando até o meu pai.
 – oi senhor – ele disse apertando a mão do meu pai, eu nunca o tinha visto tão sério daquele jeito.
 – oi – meu pai respondeu sério – qual é o seu nome rapaz?
 – é Luis Felipe.
 – prazer Luis Felipe, eu sou o Marcos, o pai da Lizi.
 – então seu Marcos, eu queria pedir para namorar a Lizi.
 – porque não vai pedir mais?
 – eu vou sim.
  – então peça.
 – poço namorar com a Lizi?
 – pode sim, mas terão regras.
 – pode dizer senhor.
 – nada de ficarem aqui em casa sem que eu esteja ou um adulto responsável, quando forem sair estejam em casa antes das onze da noite e sempre falar comigo antes de saírem.
 – pode deixar comigo senhor.
Eu fiquei quieta toda a conversa, não queria me meter, mas achei as regras um pouco chatas, mas fiquei com medo de falar e meu pai não querer mais que namore com ele.
Sinceramente eu não sabia se gostava mesmo dele naquela época, mas assim que eu percebi que estava com medo do meu pai dizer não, descobri que gostava dele e que estava morta de medo que o meu pai não me deixasse mais vê-lo.
 – então nós podemos sair amanhã? – o Luis perguntou ao meu pai.
 – isso você tem que ver com ela, vocês só tem que me dizer quando forem sair.
 – tudo bem – o Luis disse – vamos sair amanhã?
 – pode ser – eu disse sorrindo.
 – ótimo, já que vocês não vão sair hoje, eu vou ter umas conversinhas com o Luis enquanto você lava a louça.
 – mas pai...
 – mas nada, apenas vá lavar a louça.
Eles foram para o escritório e ficaram lá, eu já tinha terminado de lavar a louça quando eles saíram e o Luis não me disse nada, apenas me beijou e disse que tinha que ir, ia contar aos pais dele que ele estava namorando e apenas isso.
 – pai! O que vocês conversaram?
 – coisas de homem – meu pai disse com um sorrisinho sarcástico no rosto.
 – é sério, pai.
 – eu disse que você é minha bonequinha e que se ele te magoar vai arrepender-se profundamente.
 – não disse isso?!
 – não com essas palavras.
 – o senhor é tão exagerado.
 – eu sei meu anjo, agora você está tão crescida e eu não tenho que tomar conta como antes.
 – pai você é incrível – eu disse me sentando do lado dele – você sempre esteve do meu lado mesmo quando eu não precisava você é de mais e mesmo crescendo sem a mamãe você fez um ótimo trabalho.
 – obrigado, filhinha – ele me disse com um sorriso cativante no rosto.

domingo, 1 de janeiro de 2012

segundo capitulo

Nós voltamos para a sala pouco tempo depois, ela sentou do meu lado, conversamos por um tempo e depois ela começou a falar do ex-namorado, disse tudo sobre ele, sobre a vida deles juntos e muito mais, ela disse que queria se casar com ele, mas ele a traiu com outra menina e ela disse que isso não perdoa.
Eu fui direto para casa depois da aula, não sabia o que vestir e daqui a pouco eu iria me encontrar com o Luis Felipe, decidi que iríamos nos encontrar apenas no cinema.
Cheguei ao cinema na hora certa, ele já estava lá e assim que me viu parecia que estava mais relaxado.
 – o que foi?
 – como assim?
 – você parecia estar nervoso.
 – é que eu achei que você não iria vir.
 – por quê?
 – porque a Lana disse que você não viria depois da conversa que teve com você.
 – na verdade ela só falou bem de você.
 – eu vou matar ela.
 – ela estava apenas brincando com você – eu digo segurando a mão dele.
 – vamos entrar? – ele me pergunta sorrindo.
 – é claro – eu digo.
O filme eu não prestei atenção, foram beijos o filme inteiro, ele tinha os lábios macios e me fazia sentir bem, como se nós já nos conhecêssemos há muito tempo.
Só percebemos que era o fim do filme porque as luzes se acenderam e por que não tinha mais ninguém no cinema.
 – acho que está na hora de irmos embora – eu digo envergonhada.
 – concordo – ele disse me puxando pelas mãos.
O Luis Felipe me deixou em casa e depois de um tempo meu pai chegou, ele rodou pela casa e ficou me olhando por um tempo.
 – onde você foi tão arrumada?
 – não estou muito arrumada, só passei brilho e botei uma calça nova.
 – onde você foi? – ele me perguntou de novo.
 – fui ao cinema – eu disse indo para a cozinha.
 – o que você vai fazer ai? Nunca entra nessa cozinha.
 – já está na hora de aprender a fazer alguma coisa, não é mesmo?
 – o filme foi bom?
 – hã? – eu perguntei mudando de assunto.
 – o filme que você assistiu, foi bom?
 – foi sim.
 – com quem você foi?
 – com um amigo – eu nunca menti para o meu pai não era agora que eu iria mentir, só não precisava falar tudo se ele não perguntasse.
 – você está namorando?
 – acho que não – eu disse a ele séria.
 – como assim acha que não? – ele me perguntou nervoso.
 – pai você está me dando medo.
 – você beijou esse menino?
 – pai?!
 – o que foi? Eu estou falando sério com você.
 – eu não tenho que te responder isso.
 – filha responde, por favor!
 – beijei – eu disse abaixando a cabeça.
 – tudo bem, qual o nome dele?
 – Luis Felipe.
 – pois bem, quero conhecer esse tal de Luis Felipe.
 – não é assim que funciona pai.
 – como é que funciona?
 – eu fico com ele por pelo menos um mês e depois eu trago ele para falar com você.
 – mas eu quero falar com ele o mais rápido possível.
 – posso falar com ele pelo menos daqui a uma semana.
 – não quero você ficando com mais nenhum menino.
 – pai, eu não sou dessas, ok? Eu não fico com um monte de garotos por ai e se fosse assim eu não teria te contado nada.
 – ótimo, mas eu quero conversar com esse rapaz.
 – por favor, pai, espere um pouco. Quando ele estiver pronto eu o trago aqui.
 – como assim pronto? É só trazê-lo aqui.
 – não é simples assim pai, eu tenho que conversar com ele primeiro e saber se ele vai querer namorar comigo.
 – como assim vocês não estão namorando?
 – é claro que não pai, só ficamos uma vez.
 – isso não quer dizer que estão namorando?
 – não pai. Até parece que você começou a namorar a minha mãe do nada, nem ficou com ela antes!
 – é claro que não.
 – então, do que você está falando?
 – nós éramos mais velhos do que você.
 – eu vou fazer quinze anos esse ano.
 – só no final do ano.
 – mas é quinze mesmo assim.
 – está bem, mas de qualquer forma eu quero falar com ele agora.
 – se eu soubesse que faria tudo isso eu não falaria nada.
 – você falaria sim – ele disse saindo da cozinha.
Fui me deitar mais cedo do que o de costume, não sabia o que dizer ao Luis Felipe, não sabia o que ele queria comigo de verdade, não sabia se ele queria namorar ou apenas ficar comigo, na manha seguinte eu meio que fugi dele, sabia que iria ficar com vergonha se ele viesse falar comigo.
Sentei no meio das meninas no intervalo, mas provavelmente ele percebeu porque ele foi atrás de mim.
 – meninas será que vocês podem sair para que eu possa falar com a Lizi.
 – é claro – a Lana disse puxando as outras meninas, assim que elas saíram, ele se sentou do meu lado.
 – o que aconteceu? Até ontem estávamos bem.
 – e estamos bem.
 – não, nós não estamos bem. Eu fiz alguma coisa de errado?
 – não, porque teria feito algo de errado?
 – não sei me diz você.
 – não é você.
 – não vem com essa.
 – com o que? – eu perguntei a ele sorrindo.
 – não é você, sou eu.
 – não era isso que eu ia falar.
 – e o que é?
 – acho que não vai mais querer ficar comigo.
 – por quê?
 – por que eu fiz a besteira de falar para o meu pai que eu tinha ficado com um menino.
 – e qual é o problema?
 – ele quer que eu namore.
 – é... – ele ficou sem palavras e eu já sabia o que dizer.
 – não precisa namorar comigo, eu invento alguma coisa para ele.
 – não, eu quero namorar com você, mas eu quero namorar sem que você se sinta obrigada a fazer isso.
 – eu não me sinto obrigada, só não tenho certeza se é o certo a fazer, não sei se eu gosto de você mesmo.
 – nossa você foi direta.
 – não costumo a me apegar fácil, por que eu sei que sempre vou perder as pessoas.
 – prometo que se formos ficar juntos, você nunca vai me perder, vou ser sempre seu, só seu.
 – como pode dar essa certeza? Mal me conhece.
 – esse é o problema, não te conhecer o suficiente, eu faço o que for preciso, eu descubro, eu faço qualquer coisa por você.
 – você só tem quinze anos.
 – e você fala como se tivesse mais que isso, se quiser namorar comigo eu vou fazer de tudo para dar certo eu prometo.
 – iria até meu pai para pedir para namorar comigo?
 – é claro, você não é minha primeira namorada, já falei com pais antes.
 – você só tem quinze anos – eu disse a ele sorrindo.
 – comecei a namorar com treze anos.
 – quantas meninas você já namorou?
 – só uma – ele me disse.
 – quanto tempo vocês namoraram?
 – um ano e meio.
 – esse tempo todo?
 – conosco vai ser mais tempo.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

primeiro capitulo do minha história! espero que gostem

Está mais escura que o normal a minha vida agora, estou sofrendo tanto que não tenho mais forças para continuar, só uma coisa me faz querer estar viva, é ele e mais nada, sei que se eu não estiver viva e também não estará.
Provavelmente você que está lendo isso agora não está entendendo, tenho que começar explicar desde o início de tudo, sem pular parte alguma.
Eu tenho vinte e dois anos agora, mas tudo começou quando eu tinha apenas quatorze, sempre fui uma das mais bonitas e sempre chamei muita atenção aonde quer que eu fosse, e foi assim que eu acabei na situação que eu estou hoje, me lembro muito bem do dia, estava uma manhã quente como é normal no Rio, primeiro dia de aula quando eu estava ainda no nono ano, antiga oitava série, estava atrasada então só me lembro de sair andando rápido pelos corredores da escola ( quase correndo), assim que eu fiz a curva que dava no corredor da minha sala bate em um rapaz e cai no chão, comecei a catar tudo sem menos olhar para ele, estava com medo de ser um professor ou pior o diretor.

 – me desculpe – o menino diz com uma voz doce e forte.
 – a culpa foi minha – eu digo sem olhar para ele.
Ele abaixou do meu lado e começou a me ajudar a pegar as coisas.
 – você é de que série? – ele me perguntou.
 – oitava – eu digo e essa foi à hora que eu olhei para ele, foi como se meu sangue tivesse subido todo para a cabeça, senti minhas bochechas ficarem quente e minhas mãos gelarem, ele era perfeito, nunca tinha sonhado com alguém como ele, e nunca tinha gostado de um garoto, mas acho que isso tinha acabado de mudar naquele mesmo instante.
 – eu também – ele fala, interrompendo todos os meus pensamentos sobre ele.
 – hã?
 – também sou da oitava série e suponho que você estava indo para sala não é?
 – é sim – eu respondo com as mãos tremulas.
 – eles pediram para ir para o auditório, não tem ninguém na sala.
 – desculpa ser intrometida, mas o que você estava fazendo lá sozinho?
 – minha irmã esqueceu a bolsa e ma fez voltar para pegar.
 – ela conseguiu esquecer a bolsa!?
 – ela é meio distraída.
 – deu para notar.
 – seu nome é? – ele me perguntou sorrindo, mas que sorriso lindo, me deixava nas nuvens.
 – é Liziane, mas aqui o pessoal me chama de Lizi.
 – então você é a famosa Lizi.
 – já falaram de mim? – eu perguntei confusa.
 – falaram na festa de ontem.
 – certo, a festa de recepção aos novos alunos.
 – por que você não foi? – ele me perguntou.
 – eu não gosto muito de festas prefiro ficar em casa – eu disse a ele.
 – e na festa de amanhã você vai?
 – vamos ir um pouco mais devagar, qual é o seu nome mesmo?
 – isso é mesmo importante? – ele disse brincando.
 – é claro – eu disse sorrindo.
 – você tem olhos bonitos.
 – não me enrola, qual é o seu nome?
 – Luis Felipe – ele disse – mas de verdade, eu adorei os seus olhos.
 – obrigada – eu disse ficando com as bochechas rosadas.
 – são azuis, certo? – ele me perguntou.
 – são sim – eu respondi sem graça, abaixando a cabeça.
 – vamos para o auditório.
 – é claro – eu disse a ele.
Assim que chegamos ao auditório nós nos separamos, eu me sentei perto das meninas que normalmente eu ficava e ele foi para o outro lado, sentei e fiz o que eu fazia de costume, peguei um livro dentro da bolsa e comecei a ler, paginas e mais paginas em cerca de minutos e de repente entrou o diretor e fez o mesmo discurso chato que ele faz todo ano.
Assim que terminou, fomos para sala e eu fiz tudo o que devia fazer, deu à hora do intervalo e eu sai com o meu livro na mão e lendo pelo meio do caminho, e de repente outro trombo, e com a mesma pessoa.
 – Luis, de novo você – eu disse a ele rindo.
 – você é que tem que prestar mais atenção por onde anda.
 – é que eu estava lendo.
 – não se deve ler e andar ao mesmo tempo – ele me disse sorrindo.
 – isso é verdade – eu disse a ele.
 – e então, você não me disse se vai à festa amanhã.
 – nem estou sabendo da festa e olha que você é o aluno novo.
 – mas eu queria que você fosse.
 – por quê?
 – gostei de você – ele me disse, meu coração pulou do peito quando ele disse aquilo.
 – é mesmo? – eu disse tentando disfarçar a vergonha.
 – é sim.
 – então podemos ser amigos – eu disse.
 – é... – ele disse sem graça.
 – haa... Estava indo tão bem – uma menina disse saindo de dentro de uma sala.
 – hã? – eu perguntei confusa.
 – oi – ela disse com uma voz agradável – eu sou a Lana.
 – oi Lana – eu disse – sou a Lizi.
 – eu sei quem você é, todos falam demais em você aqui, principalmente os meninos.
 – haa... Sim – eu disse.
 – Lana será que você pode sair daqui? – O Luis perguntou.
 – não – ela disse e logo mudou de assunto – eu sou a irmã dele.
 – então você é a irmã que esqueceu a bolsa.
 – sim, sou eu.
 – estamos na mesma sala? – eu perguntei a ela.
 – estamos sim – ela disse – você nem aparenta estar lá, fica muito quieta e sozinha.
 – já é habito meu, não falo no meio das aulas.
 – já tentei fazer isso, mas eu não consigo, eu falo demais – ela disse sorrindo.
 – é eu sei – o Luis disse.
 – já estou indo – a Lana disse saindo de perto.
 – ela é uma pessoa legal – eu disse a ele assim que ela saiu.
 – só se mete demais às vezes.
 – ela só parecia estar querendo te ajudar.
 – é sim – ele disse e de repente apareceu a Débora.
 – oi amor, você está aqui – ela disse segurando a mão dele.
 – oi Débora – eu disse assim que ela chegou, eu me senti tão idiota, achei que ele poderia estar querendo algo comigo, mas era só algo bobo, pelo jeito a festa do dia anterior tinha sido boa – eu preciso ir depois agente se fala.
Só para constar eu não gosto muito da Débora, mas o Luis não tinha nada a ver com isso e eu não tique me meter. Mas agora eu entendia porque toda aquela bobeira para falar o nome, não queria que eu soubesse que já tinha namorada.
Eu entrei em uma das salas para poder ler tranqüila, mas então apareceu a tal de Débora para levar a minha paz embora.
 – ele é meu! – ela disse entrando na sala.
 – do que você está falando?
 – do Luis, nós ficamos na festa de ontem e eu quero ficar sério com ele agora.
 – isso não é problema meu e sim seu, eu só estava sendo gentil.
 – acho muito bom que você pense assim – ela me disse.
 – você não acha nada sua garota intrometida, agora me deixa e me paz o favor de sair daqui – e assim ela fez, nunca deixei tirar onda comigo, sempre se achou demais, mas não é assim que funciona aqui, os meninos sempre preferiram a mim a ela (apesar de eu nunca ter ficado com nenhum deles) e por isso a Débora sempre me odiou, mesmo sem eu ter feito nada.
O Luis apareceu lá depois, querendo falar comigo.
 – oi – ele disse entrando na sala.
 – oi – eu respondi sem tirar os olhos do livro.
 – fiquei sabendo do que houve aqui agora pouco – ele me disse.
 – só espero que a sua namoradinha não venha mais me encher.
 – ela não é minha namorada, eu só fiquei com ela ontem e disse que não queria mais nada com ela, que eu estava interessado em outra menina.
 – é mesmo – eu sorri, e meu sangue ferveu.
 – é você – ele me disse sorrindo.
 – você está falando sério? – eu perguntei a ele e ele veio se sentar do meu lado.
 – estou sim – ele disse e me beijou, eu nunca tinha beijado um menino antes, fiquei nervosa e o empurrei – o que foi?
 – nada, só que eu tenho que ir – eu disse e sai da sala, logo em seguida o sinal bateu e eu entrei na sala, sentei no canto, mas desta vez sem prestar atenção na aula.
No fim da aula o Luis veio falar comigo, minhas mãos tremiam e eu só sabia ficar olhando para o chão.
 – eu sei por que você saiu correndo.
 – sabe? – eu perguntei ficando com as bochechas rosadas.
 – sei você é bv.
 – beijei tão mau assim? – eu perguntei.
 – não, não é isso – ele disse – é que todos falam disso aqui.
 – mas você acabou de entrar na escola.
 – é, mas desde ontem que estão falando, tipo: será que a Lizi perdeu o bv? ou será que a Lizi ainda é bv? , será que a Lizi está namorando sem nos contar?.
 – porque as pessoas falam tanto da minha vida?
 – por que todos dizem que você é linda de mais para ficar sozinha.
 – isso não quer dizer nada, eu sou tão bonita, mas era bv até hoje cedo.
 – me disseram que foi você que nunca quis nenhum dos meninos daqui.
 – isso pode ser verdade.
 – eu sei que é.
 – está bem, mas eu tenho que ir embora!
 – vai à festa amanhã?
 – já disse que não gosto de festas.
 – vamos ao cinema então – ele disse.
 – estou sem dinheiro – eu disse tentando fazê-lo desistir.
 – eu pago – ele disse.
 – não sei se meu pai vai me deixar ir – eu disse.
 – o que você está tentado fazer? – ele disse me puxando e me encurralando na parede, me impedindo de passar – não quer ir ao cinema? É isso.
 – não, não é isso – eu disse a ele.
 – não quer ir comigo? É isso?
 – não só estou com vergonha – eu disse baixinho.
 – não precisa ter vergonha – ele me disse chegando mais perto, quase deixando o nariz colado no meu.
 – não quer me deixar com vergonha ficando assim comigo? – eu perguntei.
 – vou fazer algo para não sentir mais vergonha – ele disse.
 – o q... – ele não me deixou terminar de falar, simplesmente me beijou e eu correspondi, eram lábios macios e mãos fortes – você devia avisar antes de fazer essas coisas – eu disse ofegante.
 – assim você ia ficar com vergonha.
 – deixa de bobeira – eu disse a ele, mas ele ainda estava perto e aqueles lábios perto dos meus, não consegui evitar simplesmente o beijei.
 – acho que a minha técnica de tirar a sua vergonha funcionou.
 – tchau, eu tenho que ir embora. – eu disse saindo da sala.
 – espera! – ele me chamou – vai ao cinema amanhã.
 – está bem.
Fui para casa completamente feliz, assim que eu entrei me deparei com a casa vazia, como de normal, meu pai estava trabalhando essa hora e minha mãe faleceu há alguns anos atrás, eu era bem pequena e lembro pouco dela, mas eu e meu pai nos damos muito bem.
O resto do dia passou voando, quando me dei conta o meu pai já estava em casa, considerando que ele só chega lá em casa a partir das oito horas, conversamos, ele preparou o jantar como o de costume e depois eu fui para o meu quarto.
Essa manha eu acordei cedo, me arrumei e fui direto para a escola, me sentei na frente da sala, não queria ficar perdida desde o início das aulas, eu não sou a menina inteligente, eu sou a menina esforçada, nunca conseguia pegar a matéria nova de primeira, sempre tinha que me esforçar o máximo possível para não tirar nota baixa.
No intervalo eu fiz o mesmo do dia anterior, fui para uma sala onde eu pudesse ficar sozinha, mas novamente fui impedida, o Luis entrou na sala, e começou a falar.
 – está fugindo de mim? – ele me perguntou.
 – por que eu estaria?
 – sei lá, não falou comigo o dia inteiro e na hora do intervalo veio direto para essa sala sem dizer nada.
 – você sabe que eu gosto de ficar sozinha.
 – e eu gosto de ficar com você – ele me disse sorrindo.
 – é mesmo? Mas você nem me conhece direito.
 – isso importa?
 – importa sim – eu respondi.
 – você também sabe pouquíssimo sobre mim.
 – é isso que me incomoda.
 – o que mais quer saber? – ele me perguntou sentando do meu lado.
 – quantos anos você tem?
 – quinze, e você?
 – quatorze.
 – já sabe alguma coisa, está vendo?
 – fala mais alguma coisa.
 – tenho uma irmã gemia.
 – está falando sério?
 – estou, eu e a Lana somos irmãos gêmeos.
 – que legal.
 – vamos mudar de assunto, vamos hoje ao cinema?
 – sim, nós iremos.
 – vai ser ótimo.
  – você não contou nada para ninguém, contou?
 – não, eu não contei.
 – não quero que ninguém saiba por enquanto.
 – por quê?
 – por que não quero, as pessoas adoram falar da minha vida e não quero dar motivo.
 – então quer dizer que eu sou só um motivo? – ele me perguntou me encostando na parede e vindo em minha direção para me beijar.
 – não! – eu pedi – alguém pode ver.
 – nós estamos encostados na parede, não dá pra ver.
 – mais tarde eu prometo que te beijo, mas agora não.
 – está bem – ele me disse desanimado.
 – então me solta – eu disse a ele rindo.
 – fica mais um pouco.
 – daqui a pouco alguém pode entrar aqui e eu vou ficar encabulada.
 – está bem – ele disse me beijando na bochecha.
 – me deixa sair da sala para depois vir, mas espera um pouco.
Eu sai e fui direto para a sala de aula, algumas meninas estavam lá e nós ficamos conversamos.

 – e ai Lizi continua sendo bv? – a chata da Débora perguntou.
 – é... – eu não sabia o que dizer se mentia ou se falava a verdade.
 – você não acha isso meio pessoal? – a Lana perguntou.
 – o que tem ela falar? – a Débora perguntou.
 – eu prefiro não dizer nada – eu disse.
 – e como descobriremos se você não falar.
 – se um dia eu estiver namorando ou ficando vocês vão ver – eu sai da sala e as deixei lá, logo em seguida a Lana veio atrás de mim.
 – eu sei – ela disse para mim.
 – do que você sabe?
 – o Felipe fala tudo para mim.
 – ele te contou?
 – é claro, nós falamos tudo um para o outro.
 – não quero que ninguém mais fique sabendo, por favor!
 – eu não vou falar, fica tranqüila.
 – é que as pessoas adoram falar de mim nessa escola, e eu não quero dar motivos para ficarem falando.
 – ele gosta muito de você, não devia ter cuidado com o que os outros dizem.
 – ele não pode gostar tanto de mim assim, nós nos conhecemos ontem.
 – mas ele gosta, e você tem que entender.
 – mas eu não acho que isso seja verdade.
 – procure acreditar.
 – é que eu procuro não me apegar fácil.
 – o Felipe e bem diferente, ele quando gosta de alguém é de verdade, ele percebe de primeira.
 – isso é mesmo verdade?
 – é sim,eu gostei de conversar com você – ela me disse sorrindo.
 – eu também gostei de conversar com você.
 – podemos ser amigas, gosto de pessoas com a sua personalidade.
 – obrigada.
 – você parece ser muito quieta.
 – eu sou pelo menos eu acho.
 – vamos sair um dia desses.
 – vai ser ótimo.